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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Bibliotech: a primeira biblioteca pública dos EUA sem livros impressos


Para quem não tem acesso à rede, pode visitar a sede física da Bibliotech
Foto: Divulgação



A primeira biblioteca pública totalmente digital dos EUA foi aberta recentemente no condado de Bexar County, no estado do Texas. Agora, todos os 1,7 milhões de habitantes da região podem acessar gratuitamente o acervo com cerca de 10 mil obras. Melhor, para ter acesso aos livros não é necessário se locomover até o prédio físico da biblioteca, basta acessar a internet.

O projeto Bibliotech foi desenvolvido pelo juiz Nelson Wolff, um amante da literatura e colecionador de obras raras, também responsável por levar ao condado uma biblioteca com livros impressos de US$ 38 milhões na década de 1990. A nova empreitada custou apenas US$ 2,4 milhões.

- Eu olho hoje para aquela biblioteca e fico orgulhoso, mas penso: o que vamos fazer com ela? - disse Wolff sobre sua antiga obra, em entrevista ao site CNet.

O prédio físico da Bibliotech se localiza na cidade de San Antonio. Para funcionar durante 8 horas diárias, a biblioteca tem apenas duas funcionárias, as jovens Ashley Eklof e Catarina Velasquez.

- Nós podemos focar nas necessidades da comunidade e não temos que lidar com os processos físicos dos livros – explicou Ashley.

Para ter acesso ao acervo, os moradores do condado podem se registrar on-line e baixar os títulos em seus próprios tablets e computadores. Caso a pessoa não tenha acesso à internet ou precise de leitores, pode se dirigir à sede física da biblioteca.

Estão à disposição da população 800 e-readers, sendo 200 especiais para crianças, 48 computadores, 10 laptops e 40 tablets. Os leitores podem ser emprestados por duas semanas e eles já vão carregados com as obras escolhidas. Caso não sejam devolvidos no prazo, o usuário recebe multa diária de US$ 1 até o 14º dia. A partir de então, o aparelho é dado como perdido e a multa de US$ 150 é adicionada à conta.

A duração do empréstimo dos livros digitais é de 14 dias, mesmo que baixados no leitor próprio do usuário. A partir desse período, a obra é excluída do software utilizado para a distribuição e leitura.

Leia mais sobre esse assunto em O Globo Tecnologia

domingo, 24 de novembro de 2013

Professor faz dicionário ouvindo crianças

Texto por Fabio Brizolla

Na biblioteca de uma escola do Complexo da Maré, conjunto de favelas na zona norte do Rio, o professor colombiano Javier Naranjo sorteia temas para os 16 alunos presentes na sala de aula, com idade entre 7 e 12 anos.

A tarefa de cada um dos jovens consiste em traduzir o significado de palavras previamente selecionadas, sejam as conotações positivas ou negativas.

Para um deles, "político" é o mesmo que corrupto.

"Solidariedade" é o equivalente a "ser gentil".

Ao falar sobre "paz", uma menina afirma ser algo que ela não tem no sábado à noite por causa do barulho provocado pelo baile funk que fica perto de sua casa.

INÍCIO

Naranjo, 57, observa, fascinado, cada uma das definições das crianças da Maré.

O professor veio ao Brasil para lançar o livro "Casa das Estrelas: o universo contado pelas crianças", uma espécie de dicionário elaborado sob a ótica infantil.

O livro surgiu nas conversas do autor em sala de aula, nos moldes do encontro promovido na quinta-feira no Complexo da Maré.

Professor de escolas situadas em zonas rurais da Colômbia, Naranjo reuniu ao longo de dez anos 500 definições para 133 palavras, muitas delas redescobertas por um olhar poético das crianças --seus alunos.

Amor e violência

"Amor", na visão de uma colombiana de 6 anos, é "o que cada coração reúne para dar a alguém".

"Violência" é definida por uma aluna de 7 anos como "a parte ruim da paz".

O que despertou a atenção de Naranjo para o que acabou se transformando em um livro foi uma conversa em sala de aula, em 1988.

Ao definir a palavra "criança", uma de suas alunas afirmou ser alguém que "tem ossos, tem olhos, tem nariz, tem boca, caminha e come, não toma rum e vai dormir mais cedo".

A partir daquele dia, o professor começou a levar para suas aulas um gravador com fita cassete.
poesia

"Percebi que existia um mundo a ser descoberto, repleto de poesia e também de aspectos sombrios", afirma o professor colombiano.

"Não tinha em mente o que fazer com os depoimentos, mas sentia necessidade de gravar aquilo por ser um conteúdo surpreendente e emocionante", diz ele.

"Casa das Estrelas", definição de universo de acordo com uma das crianças, passou a ser o nome do livro, lançado em 1999, sem muita repercussão na época.

Na reedição em 2013, porém, o dicionário de Naranjo conquistou o público.

Os registros dos estudantes do Complexo da Maré serão utilizados no próximo livro do autor.

O projeto, batizado pelo professor de "As Crianças Pensam a Paz", vai reunir depoimentos de pequenos estudantes em cinco países: Colômbia, Brasil, Argentina, Chile e Estados Unidos.

Texto disponível na Folha S.Paulo

Biblioteca Nacional cancela prêmio após 1 ano de atraso

A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) cancelou ontem o edital de 2012 do Prêmio Vivaleitura, que estipulava o pagamento de um total de R$ 540 mil a 18 escolas, bibliotecas e ONGs responsáveis por projetos bem-sucedidos de incentivo à leitura.

Há 11 meses, 45 instituições anunciadas como finalistas concorriam a esses 18 prêmios, de R$ 30 mil cada um.

Nesse período, os responsáveis pelos 45 projetos foram convocados e desconvocados três vezes para a cerimônia de entrega, que aconteceria em um hotel em Brasília.

Segundo a pedagoga Dinorá Couto Cançado, finalista pelo projeto "Luz e Autor em Braille", para inclusão de cegos por meio da leitura, em Taguatinga (DF), a indefinição causou transtornos.

"Da primeira vez que marcaram o evento, eu ia iniciar um tratamento de saúde e adiei para não perder a cerimônia. Foram vários adiamentos até eu parar de receber notícias", ela disse.

Ontem, os finalistas receberam e-mails da Biblioteca Nacional informando que o prêmio foi anulado "em função de sua ilegalidade".

O argumento é que a portaria que instituiu o prêmio, de 2005, determinava que não poderiam ser aplicados à premiação "quaisquer recursos orçamentários de contrapartida da União", enquanto o edital de 2012 previa como fonte de recursos o Fundo Nacional de Cultura, mecanismo de financiamento do Ministério da Cultura.

Criado em 2005 numa parceria entre o governo federal e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), o prêmio só poderia ocorrer mediante patrocínio.

Foi assim até 2011, quando a espanhola Fundação Santilliana avisou que não mais arcaria com as despesas.

Mas em 2012 a Fundação Biblioteca Nacional decidiu manter e ampliar a premiação, que passou de R$ 90 mil (R$ 30 mil para três vencedores) a R$ 540 mil (R$ 30 mil para 18 instituições).

Galeno Amorim, presidente da FBN na ocasião, informa que não só havia verba (que seria paga via convênio com a Universidade de Brasília, usando recursos do MinC) como respaldo para o uso do Fundo Nacional de Cultura.

Isso seria possível devido ao decreto 7.559/2011, que estipulava que o MinC e o MEC criariam novas regras para o Vivaleitura. Esse decreto, diz Galeno, permitiria a criação de nova portaria autorizando o uso de verbas federais.

O atual presidente da FBN, Renato Lessa, diz que uma nova portaria não poderia ter efeito retroativo, não podendo, portanto, reger um edital já publicado.

O Ministério da Cultura informa que haverá novo edital para o prêmio em 2014.

Texto de Raquel Cozer, disponível na Folha de S.Paulo

sábado, 23 de novembro de 2013

A falta de Biografias sobre presidentes

Um dia, saberemos...

John Kennedy, cujos 50 anos de morte aconteceram ontem, só perde, em número de livros a seu respeito, para Jesus Cristo, Napoleão, Hitler e, talvez, Marilyn Monroe e os Beatles. Fala-se em mais de 40 mil títulos sobre sua vida, seu governo (1961-1963) e sua época. Mesmo que tenham errado nos zeros e a verdade esteja em torno de 4.000, ainda é muito livro sobre uma só pessoa.

Se Kennedy tivesse sobrevivido e se reelegesse, sairia da Casa Branca em 1968 e logo publicaria suas memórias da Presidência --o que não o livraria de ter sua vida pessoal e política esquadrinhada por biógrafos, jornalistas e ensaístas. Foi assim com Roosevelt, Truman, Eisenhower, Johnson, Nixon, Carter, Reagan, Clinton e os Bush pai e filho. Entre na Amazon e morra de inveja: há dezenas de livros em inglês sobre cada um.

No Brasil, estamos longe dessa tradição de escrever sobre presidentes. Há uma considerável bibliografia sobre Getúlio e Juscelino, uma ou duas biografias de Jango e Castello Branco e livros bobos, de "causos", sobre Jânio. Mas onde estão as biografias de Dutra, Café Filho, Costa e Silva, Médici, Geisel, Figueiredo, Tancredo?

Grande parte da história moderna do Brasil permanece em arquivos, gavetas ou memórias, estas em processo de apagamento parcial ou definitivo. Apenas na área das ciências, Oswaldo Cruz, Rondon e Anísio Teixeira já podem ter merecido biografias, mas, e as de Carlos Chagas, Roquette-Pinto, Vital Brazil, Josué de Castro e Mario Schenberg?

O mesmo na literatura. Conhecemos a obra, mas como foi a vida de Bandeira, Drummond, José Lins do Rego, Cecília Meireles ou Guimarães Rosa? Um dia, saberemos se, afinal, Mário de Andrade era gay ou não, e se não era só a Pauliceia que era desvairada. E se isso tinha qualquer importância. Nesse dia, teremos, quem sabe, chegado à maioridade.

Texto de Ruy Castro, disponível na Folha de S.Paulo

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Google lança YouTube Edu, plataforma educativa com 8.000 videoaulas gratuitas

 Google lançou nesta quinta-feira (21), em parceria com a Fundação Lemann, um canal no YouTube responsável por reunir conteúdos educacionais gratuitos e "de qualidade" em língua portuguesa.

Voltado para estudantes, educadores e colégios, o YouTube Edu conta com 8.000 vídeos produzidos por professores brasileiros de 26 canais. O Brasil foi o segundo país a receber a iniciativa, que já está presente nos Estados Unidos desde 2009.

Por enquanto, aqui no país, o foco são os alunos do ensino médio, que encontram a disposição aulas de biologia, física, língua portuguesa, matemática e química. Mas o Google diz que pretende incluir conteúdos dos ensinos fundamental e superior no futuro.

A fim de garantir a veracidade e a precisão das informações ensinadas, a Fundação Lemann convocou 16 professores para realizar um processo rigoroso de curadoria.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Aplicativo do Portal de Periódicos disponível para todos os usuários

Desde o dia 04 novembro, os usuários do Portal de Periódicos, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), podem baixar o aplicativo da biblioteca virtual para acessar os conteúdos assinados com os editores internacionais. O app do Portal de Periódicos está disponível para sistemas IOS e android, nas categorias Referência e Educação.

O aplicativo, desenvolvido pela Capes em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), permite o acesso remoto via Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). É possível realizar buscas rápidas por assunto, periódico, base e livro, todos os tipos com a funcionalidade de autopreenchimento. O usuário ainda consegue navegar em websites referenciados pelos resultados de busca, além de ler e exportar os artigos em formato PDF.

O usuário acessa periódicos, referências bibliográficas com resumo, teses e dissertações, normas técnicas, livros, obras de referência, estatísticas, patentes, arquivos abertos e redes de e-prints. São inúmeras possibilidades de pesquisa dentro do universo científico oferecido de forma rápida e prática pelo aplicativo do Portal de Periódicos.

Clique aqui para acessar o aplicativo.

Portal de Periódicos da Capes

Criado em novembro de 2000 para democratizar o acesso ao conhecimento científico produzido internacionalmente, o Portal de Periódicos oferece acesso a mais de 36.000 títulos com texto completo, 130 bases referenciais, 11 bases exclusivas para patentes, mais de 250 mil e-books, além de normas técnicas, enciclopédias, estatísticas, conteúdo audiovisual e outros materiais.

O Portal de Periódicos da Capes ainda oferece conteúdo gratuito selecionado, como bases de livre acesso, periódicos nacionais com boa classificação no Programa Qualis-Capes, além dos resumos de teses e dissertações defendidas no país.

Fonte: Portal da Capes

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Anais do EDICIC 2013 e ISKO 2013

O CETAC.MEDIA, responsável pela organização do EDICIC 2013 e ISKO 2013, divulgou os anais dos respectivos eventos que acontecem nesse mês de novembro. Consulte os anais em: http://blogs.ua.pt/cetacmedia/editions/monographs/proceedings/

Fonte: De Olho na CI

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Arca das Letras completa 10 anos e tem agentes de leitura como chave para o sucesso

Jornal Dia a Dia - 12/11/13

O programa que incentiva e facilita o acesso à leitura no meio rural completa dez anos com a implantação de dez mil bibliotecas rurais. Responsáveis pelo estímulo à leitura, funcionamento e boa conservação dos móveis arca, os agentes de leitura são muito importantes para o sucesso do Programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

É o agente quem incentiva a leitura em sua comunidade. Hoje, existem mais de 17 mil pessoas capacitadas pelo programa para exercer essa atividade. Segundo a coordenadora nacional do programa, Dione Ferreira, seu papel é movimentar a biblioteca nas comunidades. “Sem o agente de leitura acredito que não haveria tanto envolvimento da comunidade com os livros, com a leitura e os eventos culturais. Ele é esse elo, esse mediador que leva o livro e a leitura até o morador da comunidade”, destaca.

A coordenadora explica que antes da implantação das bibliotecas é feito um formulário de consulta comunitária para saber os livros de preferência dos moradores e quem eles gostariam que fosse o escolhido para a missão de agente de leitura. “É um levantamento do perfil cultural da comunidade Nessa reunião eles já indicam dois voluntários, que são os agentes de leitura que vão atuar na biblioteca”, afirma.

Em 2009, a professora Aurila Sales, 42 anos, e sua irmã, Ana Carla de Sousa, foram escolhidas para agentes de leitura da Comunidade Quilombola de Nazaré, em Itapipoca, no Ceará, estado com maior número de bibliotecas rurais no País. Elas participaram de uma atividade de formação e hoje são “a peça fundamental para motivar e animar a comunidade em torno da biblioteca rural”, como enfatiza Dione.

Comunidade quilombola

Na Comunidade Quilombola de Nazaré vivem 51 famílias que utilizam a biblioteca Arca das Letras, na escola da comunidade. Aurila conta que, lá, eles encontram livros didáticos e paradidáticos. “Tem todo tipo de livro. Há livros que falam do movimento quilombola e do movimento indígena, por exemplo. E quem precisar pode pegar o livro na biblioteca. Tem material voltado para criança, adulto, adolescente”, explica.

Aurila e Ana Carla realizam campanhas para ampliar o acervo, como eventos culturais e comemorativos na comunidade e, dessa forma, transformam a arca das letras num espaço de pesquisa e de busca de informações. Para Aurila, o programa foi importante para incentivar a leitura. “A comunidade melhorou bastante. A gente aprende mais, se inteira mais dos assuntos. Vejo que a comunidade participa e tem muito interesse na leitura dos livros”, conta.

Missão

Na avaliação de Dione, por meio da formação de agentes de leitura e da implantação de bibliotecas o Programa Arca das Letras consolida sua missão de incluir comunidades rurais em projetos de educação e cultura estimulando o estudo e a qualidade da pesquisa escolar. “Sempre encontramos nas comunidades pelo menos duas pessoas que se interessam, gostam da leitura e querem ser voluntários para trabalhar com isso”, ressalta.

Conforme a coordenadora, durante os dez anos do programa foi possível observar que os moradores das comunidades rurais pensam no coletivo. “Esse trabalho do agente de leitura é justamente isso, um trabalho voluntário para o coletivo, para a comunidade. Nós percebemos que as bibliotecas com maior número de leitores, que tem uma atração maior, com atividades voltadas para a leitura, são justamente as que o agente tem um ou mais trabalho de mediação de leitura”, justifica.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Inclusão de E-books em bibliotecas: uma discussão necessária

Por Liliana Serra, matéria completa no  Revolução eBook

Os livros eletrônicos estão mudando radicalmente a realidade das bibliotecas e sua inclusão nos acervos deve ser pensada na forma de somar forças com o mercado editorial, garantindo a permanência dos negócios e cumprindo com sua função original de preservação de publicações e acesso ao público. As dificuldades encontradas são marcadas em parte pela indefinição de um modelo de gestão bibliotecário, que por sua vez, é impactado por uma grande diversidade de modelos de negócios estabelecidos pelo mercado editorial, comprometendo a aquisição e empréstimo digital. 
As bibliotecas tem enfrentado um grande desafio na transição entre o tradicional e o digital e isso acarreta em alterações e adaptações na gestão das unidades de informação. Com as mudanças nas relações de aquisição de conteúdo e sua disponibilização ao usuário é necessário repensar o desenvolvimento da coleção, de forma a garantir a continuidade de títulos nos acervos, mensurar o uso que é feito das obras adquiridas, aferir o controle de acesso aos conteúdos para evitar utilizações não autorizadas, além de oferecer novas possibilidades de consultas e serviços. 
O objetivo deste texto é apresentar uma reflexão sobre o advento do livro eletrônico (e-book) e a sua oferta nas bibliotecas, apresentando as dificuldades encontradas. Com o conhecimento deste cenário será possível aos agentes envolvidos estabelecer um modelo de negócios que satisfaça às necessidades e anseios, proporcionando a manutenção e crescimento dos envolvidos, construindo uma estratégia de atuação que favoreça todas as partes. 
O mercado de venda de e-books não está completamente alinhado com as demandas das bibliotecas. Apesar da variedade de modelos de negócios que estão em prática e discussão atualmente, o impacto destas mudanças não foi avaliado plenamente. Ao analisar as possibilidades de aquisição e acesso, observamos que algumas editoras impõem os modelos existentes, oferecendo pouco ou nenhum espaço para negociação. Apesar de serviços oferecidos por distribuidores, observa-se certa relutância em fornecer obras em formato digital. Esta motivação deriva do temor que as bibliotecas permitam o download indiscriminado dos arquivos e estes, uma vez em poder dos usuários, possam ser distribuídos livremente, caracterizando a pirataria. A posição de grupos de editores de recusarem-se a vender e-books para bibliotecas mediante o argumento que por ter a publicação acessível por um clique de forma gratuita, o leitor não comprará mais livros, é tão irreal quanto a afirmação que, por ter o livro impresso na biblioteca os consumidores não irão adquirir seus próprios exemplares. 
A prática demonstra que as bibliotecas sempre representaram bons clientes aos livreiros e editores exatamente por realizarem compras em larga escala com frequência, além do fato de ser um local de descoberta de publicações, ao permitir o conhecimento e contato das obras pertencentes aos acervos, o que favorece o aumento nas vendas. Dentre as restrições sugeridas consta o estabelecimento de uma quantidade máxima de acessos que um e-book poderia ter na biblioteca e, depois de atingida esta marca, a instituição deveria comprar um novo exemplar ou renovar a licença de uso. O número de acessos de empréstimos digitais possíveis seria um valor alcançado através de cálculo de média de empréstimos realizados em livros impressos atrelados a durabilidade do papel e a expectativa de vida útil de um livro tradicional. Este argumento não tem aderência nas bibliotecas, pois o consumo e a durabilidade de um exemplar físico são determinados por diversos fatores como qualidade do papel, manipulação correta e frequência de utilização dos usuários, não sendo possível definir um número específico de empréstimos para determinar a durabilidade do exemplar. Num primeiro momento, apenas os títulos com maior vendagem são oferecidos no formato digital, uma vez que estas obras atingem marcas expressivas de comercialização. As publicações nascidas no ambiente digital são oferecidas com maior frequência, porém o mesmo não é visto com regularidade nos títulos antigos. 
Observa-se também uma grande variação de preços, seguido de restrições de uso ou até mesmo a política de não vender e-books para bibliotecas. Enquanto cada fornecedor oferece um modelo de negócios, as bibliotecas, por outro lado, vem negociando para obter condições favoráveis e flexíveis. 
Os modelos de negócios apresentam restrições, a saber: o acesso individual ou múltiplo, ou seja, sem ou com simultaneidade, impactando profundamente os valores dos contratos estabelecidos; número limitado de empréstimos eletrônicos, obrigando a instituição a adquirir nova licença de uso quando este número de empréstimos for alcançado; variação dos preços, com situações onde o exemplar impresso é mais barato que o digital; restrição de venda de lançamentos; obrigatoriedade que o empréstimo (check in / check out) seja realizado no espaço da biblioteca; acesso somente através de plataformas proprietárias e restrições de vendas para consórcios ou empréstimo entre bibliotecas. 
O mercado apresenta possibilidades de aquisição de conteúdos digitais para bibliotecas, porém observa-se que não existe uma regra para a comercialização. Com a diversidade de modalidades de aquisição (aquisição perpétua, assinatura, patron driven acquisition e short term loan – os dois últimos com pouca ou nenhuma aplicação no Brasil até o momento) e as variações inerentes a cada modalidade, as bibliotecas deverão ter um controle sobre como ofertar as obras a seus usuários de acordo com os processos aquisitivos definidos com cada fornecedor. 
Os e-books apresentam vantagens e desvantagens. Se por um lado eles permitem outras formas de ocupação do espaço antes destinado a guarda de volumes impressos, eles introduzem novos problemas, como a utilização de plataformas proprietárias para acessar as publicações adquiridas, limitações de números de downloads ou impressões e o próprio custo, visto que, analisando a aquisição individual de títulos, eles são comparativamente mais caros que as versões impressas. Pacotes de títulos oferecidos por assinatura são mais acessíveis, porém a quantidade de obras disponíveis nem sempre será proporcional à qualidade dos produtos ofertados. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Anais Enancib 2013

Os Anais do XIV ENANCIB, que aconteceu em Florianópolis, estão disponíveis no site do evento.
Consulte os anais através no site:
http://enancib.sites.ufsc.br/index.php/enancib2013/XIVenancib/schedConf/presentations

ePub3 para eBooks Avançados

A tendência do livro digital é trilhar um caminho onde áudio, vídeo e animações irão fundir-se ao texto impresso, provocando uma experiência de leitura nova e inovadora. Produzir este livro digital rico, avançado, inovador, não é tarefa fácil. É preciso conhecimento, e principalmente, prática.

Nos dias 21 e 22 de novembro, São Paulo recebe a última turma 2013 do curso ePub3 para eBooks Avançados, o principal treinamento do país dedicado a formar profissionais capacitados na produção de ebooks avançados. Com apenas 9 vagas, ele é ministrado por José Fernando Tavares, diretor da Simplíssimo e curador da Conferência Revolução eBook.

Confira a seguir textos de referência sobre ePub3, de autoria do palestrante Fernando e publicados anteriormente aqui no Revolução:


Fonte: Revolução ebook

Agência Brasileira do ISBN terá registro totalmente online para novos ISBNs

Na próxima segunda-feira, 11 de novembro, a Agência Brasileira do ISBN fará uma atualização muito positiva para as editoras cadastradas na instituição: vai ao ar um novo sistema online, em que será possível solicitar e acompanhar o registro do ISBN de modo totalmente eletrônico, sem necessidade de procedimentos manuais, como o envio de formulários impressos e comprovantes de pagamento pelo correio.
De acordo com a legislação do livro no Brasil, todos os livros publicados e distribuídos no país precisam receber um número ISBN para registro e catalogação. Até agora, o único procedimento possível para registrar ISBNs, para a grande maioria das editoras cadastradas na Agência, era através do envio, pelo correio, de um formulário impresso. 
Embora o método vá continuar, agora a editora poderá optar por um procedimento totalmente eletrônico, mais prático, rápido e econômico. Estamos aguardando um acesso ao sistema, para apresentarmos a novidade aos leitores do Revolução eBook e explicar como ela funcionará na prática, uma vez que muitos autores (e editores) nos escrevem regularmente com dúvidas a respeito da designação de ISBNs para ebooks. Enquanto isso, confira mais detalhes sobre esta ótima novidade, na entrevista que fizemos com a chefe da Agência Brasileira do ISBN, Andréa Coêlho de Souza: 
Revolução – A Agência está implantando um sistema online para os pedidos de ISBN, como está ocorrendo a transição? 
Andréa Coêlho de Souza – A transição já vem ocorrendo internamente na Agência há 2 meses, que correspondente a 1ª fase. Como o novo sistema está passando por ajustes, podem acontecer alguns atrasos eventuais nos serviços, no qual os editores já foram comunicados através do site da Agência. Novamente reiteramos nossas desculpas e pedimos a compreensão de todos, pois toda mudança requer um pouco de paciência. A próxima fase será o lançamento de um novo site da Agência. 
Revolução - Qual o cronograma da expansão desta nova sistemática, para as demais editoras? 
Andréa - No dia 4/11 11/11– 2ªf, o sistema online já estará disponibilizado para todas as editoras, através de um novo site da Agência. O modo atual, correio, permanecerá, também neste novo site. Fica a critério do editor escolher o online ou correio. 
Revolução – Como funcionará o novo sistema? 
Andréa – Os editores poderão solicitar os serviços, fazer o pagamento (boleto bancário) e acompanhar a solicitação através da internet. O processo atual, via correio, permanecerá. O editor é livre para escolher a opção que melhor lhe convier: on line ou correios. 
Revolução - Quais benefícios você visualiza com a nova sistemática, tanto para a Agência, quanto para as editoras? 
Andréa – Para a Agência o sistema on line era uma promessa da atual administração para com os editores. O benefício é que os editores vão reduzir gastos com correio e tempo de envio. Lembramos que o processo de envio do serviço executado pela Agência para os editores [a entrega dos ISBNs] já era on line desde o ano de 2007. 
Revolução - A Agência verifica um aumento no número de registros de ISBN, por conta da publicação de ebooks? 
Andréa – Este aumento estava sendo gradativo, mas, nos dois últimos anos ele vem crescendo. Algumas editoras estão se cadastrando na Agência somente para editar e-books.

Por Eduardo Melo, fonte Revolução ebook

Ascensão dos ebooks tira do mercado 98 editoras na Inglaterra

Por Eduardo Melo em novembro 5, 2013

Talvez não sejam só as pequenas livrarias (ou livreiros?) que estão ameaçados de extinção na Inglaterra, por culpa dos ebooks. Segundo o jornal Financial Times, 98 editoras fecharam as portas na Inglaterra. 
A ascensão dos e-books e a pressão exercida por importantes varejistas para baixar preços dos livros vêm forçando um grande número de editoras na Inglaterra a deixarem o mercado, conforme sinalizou uma pesquisa realizada pela empresa de contabilidade Wilkins Kennedy. 
Por lá, 98 editoras de livros, periódicos e outros materiais semelhantes se afundaram em dívidas e fecharam neste ano –até o final de agosto. Houve um aumento de 42% na comparação anual. 
A maioria são pequenas editoras, mas algumas destas pequenas tinham relevância no mercado, segundo a matéria. A ferocidade do mercado não seleciona vítimas.
Lembrando que a Inglaterra é um país onde o varejo de ebooks é dominado pela Amazon (responsável por cerca de 90% do mercado), e onde até os autores independentes já começaram a ficar atentos para as consequências desta concentração do mercado. 
Os números mostram que o ambiente digital vem se tornando tanto um desafio quanto uma oportunidade para os editores de todo o setor, uma vez que, por um lado, é mais fácil chegar ao leitor, mas, por outro, ficou mais difícil ganhar dinheiro com eles em um mercado lotado. 
“A ascensão da Amazon e outros vendedores com grande poder de compra significa que a pressão sobre as margens dos editores agora é imensa”, disse Anthony Cork, parceiro de Wilkins Kennedy. Mas enquanto o poder de compra da Amazon pode forçar editoras a vender a preços mais baixos, também cria uma “rota” para as editoras menores chegarem ao mercado, uma vez que tem dificuldade de colocar seus livros nas grandes redes de varejo, disse Angus Phillips, diretor do Centro Internacional de Oxford para Estudos de Publicação.