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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Senado defende eBooks para fomentar a leitura

Atentos aos avanços tecnológicos na educação, os senadores têm apresentado projetos que incentivam o uso de livros eletrônicos nas escolas. Além de estender ao formato os benefícios fiscais já oferecidos ao livro de papel, as propostas também visam garantir o acesso de alunos da rede pública a esse tipo de conteúdo.
Pesquisas recentes reforçam as vantagens da leitura digital no aprendizado. Estudo da universidade norueguesa de Stavanger sobre o uso do livro eletrônico revelou que a compreensão do texto é praticamente a mesma de quem faz a leitura no papel. Outra pesquisa, realizada nos Estados Unidos, com estudantes disléxicos revelou uma melhora na compreensão do texto e na velocidade da leitura feita na tela. O livro eletrônico, em geral, também permite ajustar o tamanho e o tipo da letra.
A leitura digital pode ser feita em e-readers, tablets, computadores ou até smartphones, por meio de aplicativos próprios. No ano passado, os livros eletrônicos representaram em torno de 2,5% do faturamento do mercado editorial brasileiro.

Tributos
Projeto que equipara, na legislação brasileira, os livros eletrônicos aos impressos (PLS 114/2010), do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), aprovado em caráter terminativo na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado (CE) em 2012, aguarda votação na Câmara. O objetivo é alterar a Política Nacional do Livro (Lei 10.753/2003) para garantir aos conteúdos (e-books) e equipamentos de leitura digital (e-readers) os mesmos benefícios tributários do livro impresso. De acordo com a Constituição, os livros são livres de impostos.
A imunidade tributária para livros e leitores eletrônicos também tem sido discutida na Justiça. O assunto já chegou ao Supremo, no Recurso Extraordinário 330.817, onde é relatado pelo ministro Dias Toffoli.

Educação
No Senado tramitam dois projetos de iniciativa do senador Cícero Lucena (PSDB-PB) para estimular o desenvolvimento de aplicativos para tablets e aumentar o uso dessa tecnologia no aprendizado escolar.
O PLS 394/2012 propõe a redução a zero das alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a receita da venda a varejo de softwares educacionais e livros eletrônicos para utilização em tablets. A matéria aguarda parecer do relator, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).
Já o PLS 109/2013 determina o fornecimento de tablets aos estudantes das escolas públicas de educação básica até 2023. Cícero Lucena argumenta que os aparelhos têm “enorme potencial pedagógico” e devem se tornar objeto da atenção das políticas públicas de educação. Para o senador, o livro didático e o caderno continuam a ter o seu papel no processo educativo, mas as inovações nesse campo “não devem constituir privilégio de poucos”.
- A dimensão da minha proposta é a da inclusão, para que as pessoas sem acesso a esse conteúdo eletrônico possam passar a usar o tablet como ferramenta obrigatória na escola. E ainda há o ganho ecológico desse equipamento contra a produção do livro de papel e todas as suas consequências para o meio ambiente - explica o senador.
O projeto tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), onde tem voto favorável do relator, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), com duas emendas que estabelecem a capacitação dos professores e a avaliação dos alunos que usam o equipamento.

Questão de tempo
Cristovam Buarque entende que as crianças preferem os livros eletrônicos e devem ter professores preparados. Ele próprio tem mais de mil livros arquivados em seu tablet.
- Eu, pessoalmente, já começo a preferir ler no tablet. Sublinho mais fácil, jogo nota para o final, é muito mais prático. Ler no papel é a mesma coisa de voltar a usar o papiro depois de Gutenberg - compara.
Para o presidente da Comissão de Educação, senador Cyro Miranda (PSDB-GO), é apenas “uma questão de tempo” até que se vençam as últimas resistências à leitura eletrônica.
- A oferta do papel sempre vai existir, por determinado apego que a pessoa tem, mas acho que nós temos que quebrar paradigmas. Os livros já estão disponibilizados em bibliotecas eletrônicas. É uma ferramenta muito importante o tablet nas escolas para as novas gerações; isso vai tomar conta - prevê.

Emater abre minibibliotecas rurais na Paraíba

O Projeto Bibliotecas Rurais, executado pela Emater Paraíba, está se expandindo e despertando o interesse para o hábito da leitura, a compreensão e interpretação de textos das crianças, jovens e adultos do meio rural paraibano. Nessa segunda-feira (22), a comunidade Mata de Garapu, no município do Conde, Litoral Sul do Estado, foi contemplada com mais uma biblioteca. A primeira unidade foi entregue durante o lançamento oficial do projeto, no encerramento das Jornadas de Inclusão Produtiva, dia 11 de junho, na sede da empresa, localizada na estrada de Cabedelo.

Denominado de “Cantinho do Saber”, o Projeto Bibliotecas Rurais, criado há cerca de quatro meses pela coordenadoria regional da Emater em João Pessoa, consiste em um conjunto de ações educativas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) e tem por objetivo beneficiar a agricultura familiar por meio do incentivo à leitura, à valorização da cultura local e à conservação do meio ambiente.

A meta, até o final de dezembro, é contemplar os 23 municípios jurisdicionados pela regional da Emater de João Pessoa. Até agora, afora mais seis que estão definindo datas para receberem o benefício, os municípios contemplados foram Cabedelo, Santa Rita, Sapé, Caaporã, Alhandra, Conde, Rio Tinto, Mamanguape e Baia da Traição.

Cada biblioteca instalada conta com um acervo de cerca de 100 livros obtidos por doação, os quais remetem à leitura infantil juvenil e adulta, livros técnico científicos, didáticos, paradidáticos, de pesquisa e técnicos, que abordam a realidade da vida e a produção no campo.

Expansão – O projeto piloto implantado na região de João Pessoa, conforme explicou Keyla Deininger, servirá de parâmetro para a expansão em todo o Estado, por meio do Núcleo de Extensão Social da Emater (Nueso). As primeiras comunidades beneficiadas servirão de unidades experimentais e de multiplicação da experiência, a partir das quais, surgirão novas bibliotecas. Uma parceria a ser firmada com as prefeituras municipais para confecção dos móveis das bibliotecas vai dar maior impulso ao projeto, segundo informou o coordenador de Operações da Emater, Jailson Lopes da Penha, um dos idealizadores das Bibliotecas Rurais.
Ressalta-se que o projeto foi organizado pela bibliotecária  Helloyse Villar.* 

Após a composição dos mobiliários das bibliotecas, que estão sendo confeccionadas e implantadas pelas próprias comunidades, a partir de materiais recicláveis, como paletes, caixotes de madeira, tábuas, entre outros, os extensionistas fazem a seleção das localidades beneficiárias e dos “amigos do saber”, que serão os agentes de leitura e de desenvolvimento das ações culturais.

Doação – Um movimento para a doação de livros nos escritórios da Emater dos municípios integrantes da região administrativa de João Pessoa e na sede central, na estrada de Cabedelo, já arrecadou milhares de exemplares. O acervo conta, entre outros, com livros infantis, didáticos, paradidáticos, técnicos da área agrícola, de literatura diversificada, além de revista e material informativo. Entre os doadores destacam-se a Secretaria de Educação do Estado, a Embrapa, o INSS, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a população em geral.

Fonte: Paraíba Total
*Informação extra

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Projeto obriga bibliotecas a instalar programas para pessoas com deficiência visual

Implantar programas de software com a finalidade de facilitar o acesso de pessoas com deficiência visual aos computadores nas bibliotecas públicas de todas as cidades com mais de 50 mil habitantes. Esse é o objetivo do Projeto de Lei do Senado (PLS) 138/2014, do senador Ciro Nogueira (PP-PI), em análise na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Para o senador, os livros editados em braile e acompanhados de versão em áudio já não são mais suficientes para promover a igualdade do acesso entre as pessoas sem deficiência e aquelas que são privadas da visão. “O desenvolvimento vertiginoso dos meios tecnológicos de informação privilegia quem pode manejar computadores”, acrescentou, ao defender a implantação dos programas.

O projeto prevê que as bibliotecas reservem espaços exclusivos, com mesas, cadeiras e teclados específicos para uso das pessoas com deficiência visual.

Na CE, o projeto tem como relator o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Depois, a matéria ainda passará pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), em decisão terminativa. Isso significa que, se não houver recurso para a votação em plenário, o projeto poderá seguir para a Câmara dos Deputados.

“Os livros eletrônicos hoje são uma realidade”

Conforme a pesquisa Bibliotecas e Leitura Digital no Brasil, encomendada pela Árvore de Livros S.A. (noticiado este ano pela Revista Biblioo), o impacto dos livros eletrônicos (ebooks) nas bibliotecas tem se dado de forma positivo, pelo menos do ponto de vista dos profissionais destas instituições. Nesta pesquisa, estimulados a responder sobre o que acreditam que poderá acontecer com a chegada dos ebooks às bibliotecas, a grande maioria dos bibliotecários e demais gestores (82% dos que respondera) apontaram que os dois tipos de suportes (o livro impresso e o ebook) deverão conviver juntos em harmonia. No caso das bibliotecas universitárias, esse tipo de resposta esteve na boca de 100% dos entrevistados. Apesar da ampla aceitação, ainda existem muitas dúvidas por parte dos profissionais, o que acaba por inibir os avanços deste novo instrumento de leitura. Pensando nisso, o bibliotecário do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CT/UFRJ), Moreno Barros, tem se dedicado a ministrar cursos sobre o tema, mostrando como eles podem funcionar nas bibliotecas, explorando questões que vão desde os formatos de arquivo, aparatos de leitura, contratos de assinatura e o seu impacto nas instituições, tanto agora como no futuro.

Como você avalia o avanço dos livros eletrônicos sobre os tradicionais impressos?
Francisco, acho que é um caminho sem volta. Obviamente que o livro impresso não vai acabar, mas o livro eletrônico está aí e veio para ficar. E seu avanço e força se dá muito mais por uma lógica de mercado do que pelo embate do fetiche entre impresso ou eletrônico. Bastou que os varejistas e editoras entrassem de cabeça nesse mercado, que certamente tem menor custo de produção e é mais lucrativo, para ditarem o ritmo. Se você pensar bem, um editor pode determinar que um lançamento seja exclusivamente digital. E o que iremos fazer? Espernear? Como consumidores, nós temos muito a ganhar, pois é uma nova modalidade de serviço e produto, e podemos reivindicar preços mais justos, distribuição mais veloz etc. O momento é esse! Mas ao mesmo tempo precisamos estar muito atento a certas práticas que cerceiam o hábito de leitura e consumo de livros digitais, como o monopólio sobre plataformas de distribuição de livros e controle sobre formatos digitais. Mas bem, no final das contas, não restam dívidas: hoje eu leio muito mais conteúdo digital (seja livros ou não) do que impresso. Eu e muitos outros “nativos digitais” já representam uma fatia significativo de um mercado e de uma cultura de consumo de informação e literatura. Falar de livros eletrônicos poucos anos atrás era um futuro distante. Hoje é realidade. Então o avanço foi enorme.

Quais as principais dúvidas dos bibliotecários quando o tema são os e-books em bibliotecas?
Os bibliotecários normalmente têm dúvidas sobre os dispositivos de leitura (kindle, kobo, ipad, tablets, smartphones), as modalidades de empréstimo de livros eletrônicos e os contratos estabelecidos com as editoras. Esses três elementos englobam quase tudo o que diz respeito a uma estratégia de adoção de ebooks em bibliotecas, de diferentes tipos. Na verdade os bibliotecários já lidam com arquivos digitais há bastante tempo (repositórios digitais e livros em pdf para download, por exemplo), mas agora existe uma demanda específica para livros eletrônicos e isso exige um planejamento. É como se você estivesse criando uma coleção nova, que precisa ser gerenciada e disseminada. Não é muito diferente do que já estamos acostumados a fazer, mas por se tratar de um formato novo, é normal que essas dúvidas apareçam. Claro, à medida que as experiências forem sendo compartilhadas, os ebooks deixarão de gerar dúvidas e passarão a ser rotina padrão das principais bibliotecas.

Que conhecimentos básicos os bibliotecários precisam ter na hora de fazer aquisição deste tipo de material?
Além de conhecer bem a demanda da sua comunidade, uma boa estratégia é o bibliotecário confrontar os benefícios dos ebooks com os impressos, uma vez que o impresso ainda é o formato prevalecente e que utilizamos como parâmetro. E isso implica em uma série de medidas, como verificação de preços, disponibilidade de títulos, possibilidade de empréstimos simultâneos, decidir se a aquisição é perpétua ou leasing, se os títulos podem ser adquiridos individualmente ou em pacote, analisar como os arquivos digitais serão hospedados e distribuídos, se os formatos são compatíveis com os diversos dispositivos de leitura disponíveis no mercado, entre outras. Na maior parte, isso vai exigir uma conversa bastante estreita com as editoras fornecedoras e o bibliotecário assegurar que está fazendo um bom negócio.