No último sábado, 23/02, a jornalista Raquel Cozer (Folha de SP)
apresentou o caso extraordinário da autora Bruna Brito, mais conhecida
pelos leitores norte-americanos sob o pseudônimo Lilian Carmine. A
façanha: publicou um romance escrito em inglês, na rede social de publicação Wattpad,
cujos direitos foram adquiridos por uma das grandes editoras
internacionais. A primeira edição sai no segundo semestre deste ano.
Os 49 capítulos do seu livro, The Lost Boys, publicados
online, renderam 32 milhões de acessos. O sucesso entre os leitores
chamou a atenção da editora Random House, que adquiriu os direitos do
livro e mais duas continuações.
Como explica a matéria, o gênero literário da obra é o que estão chamando de “New Adult”, um pouco mais sério que o Young Adult a la Crepúsculo, mas ainda distante de ser considerado 100% adulto. Em agosto de 2012, o Revolução eBook mostrou editoras francesas e alemãs que
estavam publicando obras locais em língua inglesa. Mas uma autora
estreante, brasileira, publicando diretamente em inglês, obtendo
aprovação do público e um contrato de publicação em seguida, é 100%
novidade.
A decisão da autora, de escrever diretamente em inglês, foi pragmática:
”Ela conta que começou a escrever em inglês porque ‘queria ser lida’. No Brasil, apesar de já trabalhar para editoras, cansou de esbarrar em negativas. Tem uma gaveta cheia de infantis inéditos.”
Em termos de publicar conteúdo grátis para ganhar destaque, a autora soma-se a outros exemplos recentes, como da autora Bel Pesce,
que lançou um ebook gratuito (não-ficção, empreendedorismo) de
repercussão nacional e posteriormente ganhou versão impressa da Casa da
Palavra (Leya); e a blogueira Isabela Freitas, que será a primeira
ficção Young Adult nacional publicada pela Intrínseca
– que até pouco tempo se concentrava apenas em sucessos importados. Se
pegarmos os exemplos estrangeiros, começaremos uma lista interminável
que parte da série 50 tons e não acaba mais. O autor estreante de
ficção, que consegue ser editado, cada vez mais atinge esse objetivo
após obter uma validação prévia do seu trabalho junto ao público online.
Foi-se o tempo em que prêmios e concursos literários descobriram os
próximos bestsellers. Ou editores, avaliando originais que chegavam pelo
correio. Esse papel está sendo assumido, paulatinamente, pelos próprios
leitores, que exploram conteúdos novos em formato digital e validam em
massa aqueles que os agradam. Para as editoras, é um bom negócio – elas
aproveitam os sucessos de público online, para reduzir seus riscos. Um
conteúdo que já tem centenas de milhares de leitores, tem mais chances
de vender em massa e menos risco de encalhar. O perfil de público já é
conhecido e definido, parte-se de uma base de consumidores que já
conhecem e confiam naquele(a) autor(a). Indiscutivelmente,
uma metodologia que está rendendo bons negócios para as editoras.
Fonte: http://revolucaoebook.com.br/brasileira-escreveu-ingles-para-ser-lida-conseguiu/